terça-feira, 3 de março de 2015

E desta forma o prisioneiro se consola



A imagem, que dispensa comentários, foi postada por Ed René Kivitz (via twitter) no dia 03/03/15.

Na divisa entre o ter e o ser...


"(...) De um lado, as nar­ra­ti­vas do sagrado insistem que devemos admirar gente como Buda e como Jesus, e nos dizem: desapegue-se, meu caro. Deixe de correr atrás do vento. Deixe de derramar ansiedade sobre si mesmo e sobre os outros. Não seja idiota de ajuntar riquezas incons­tan­tes onde tudo se perde. Conquiste o seu coração. Respeite o próximo e o ambiente. Ame. Reduza, e será grande. Recolha-se, e estará no centro. Sirva, e será maior do que todos. Recue, e verá a paisagem que todos perdem. Seja gentil. A notícia da graça é a gra­tui­dade de todas as coisas. Rico é quem não precisa de nada.

Do outro lado, as nar­ra­ti­vas da sociedade de consumo querem que admiremos os grandes e bem-sucedidos, e nos dizem: tome posse, meu caro. Corra atrás de resul­ta­dos. Crise é opor­tu­ni­dade, canalize em pro­du­ti­vi­dade essa insa­tis­fa­ção. Acumule, e será final­mente livre para desfrutar. Conquiste o mundo, e seu coração encon­trará a paz. Faça alianças siner­gé­ti­cas e aposte todas as suas fichas. Consuma. Pense grande, e será grande. Cada palmo que você pisar será seu. Seja servido, e sua grandeza será evidente. Um dia tudo isso será seu. Seja impla­cá­vel. Todo aquele que invocar o nome da per­for­mance será salvo. Rico é quem tem tudo.

Diga-me quem você admira, e saberei quanto você é admirável."


Por Paulo B.

O texto completo e original encontra-se aqui.
Créditos da imagem.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Confissão de quem rabisca algum papel


Eu simplesmente precisava voltar a escrever.
Às vezes tenho a impressão de que a vida se torna menos dura quando contamos nossas intimidades ao papel, quando escolhemos boas palavras e fazemos delas um ingrediente indispensável ao bem viver.
Os meus rabiscos renovam a minha existência, os meus sonhos, os meus sentimentos. Lembro-me de quão agradável eu me tornara há três, quatro ou mais anos, só porque fazia da escrita um hábito.
Escreva! Esta é, sem dúvidas, a melhor terapia que já nos ensinaram!

(Nilmara Carvalho em 15 de janeiro de 2015)

Tantas vezes você disse que me amava tanto...



Desânimo



A manhã denunciou-me como um ser abandonado, desprezível, frustrado.
Com incontáveis incertezas e um olhar em fuga, levantei-me e, inconformada, despedi-me do leito, meu único porto seguro.
Nenhuma luz se mostrou neste dia externamente ensolarado, apenas o pessimismo de poetas em suas inquietudes sombrias; apenas os pedaços dos sonhos cinzas, filhos de uma noite mal dormida e sem lua.


(Nilmara Carvalho, em 15 de janeiro de 2015)

Linha tênue


"Porque entre o sim e o não é só um sopro, entre o bom e o mau apenas um pensamento, entre a vida e a morte só um leve sacudir de panos — e a poeira do tempo, com todo o tempo que eu perdi, tudo recobre, tudo apaga, tudo torna simples e tão indiferente."

(Lya Luft)

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Sobre minha fé...

 

"(...) Não tenho como recomendar a crença; sua única façanha é nos reunir em agremiações, cada uma crendo-se mais notável do que a outra e chamando o seu próprio ambiente corporativo de espiritualidade. Não tenho como endossar a crença; não devo dar a entender que a espiritualidade pode ser adequadamente transmitida através de argumentos e explicações. Não devo buscar o conforto da crença; o Mestre tremeu de pavor e não tinha onde reclinar a cabeça. Não devo ouvir quem pede a tabulação da minha crença; minha fé não é aquilo em que acredito.
Nunca deixa de me surpreender que para o cristianismo Deus não enviou para nos salvar um apanhado de recomendações ou uma lista suficiente de crenças, mas uma pessoa. Minha espiritualidade não deve ser vivida ou expressa de forma menos revolucionária. Não pergunte em que acredito. Mande um email, pegue uma condução, venha até minha casa, tome um café na minha mesa e aceite o meu abraço. Não devo esperar ato maior de fé, e não tenho fé maior para oferecer."

(Paulo Brabo, em: "Minha fé não é aquilo em que acredito")

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O tempo é Deus


O tempo é Deus
Que se dá aos pedaços
No passar das horas.
E, por isto,
Homem do tempo, amo a vida.
Pois sei que, ao envelhecer
Me divinizo.

(Padre Daniel Lima)
 
(Revista Bravo! – março de 2012. Ilustração: Zé Otávio)
Postado originalmente em: http://velhotaeu.blogspot.com.br/

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

E assim serei plenamente 'realizada'...

 

"(...) O chamado do progresso absolutamente não me move, mas a atração de uma vasta e suficiente imobilidade pode finalmente me arrastar. Saquei que sou o cara mais pretensioso que conheço, porque minha ambição é obscena e inatingível e é bastar-me: é não ter pretensão alguma.
Hoje não ignoro que minha ambição é existir para a tarefa simples e exigentíssima de realizar-me: nada fazer e nada desejar além do singular ofício de mim. Existir para o que amo e para quem amo e calar tudo que não seja eu.
Hoje enxergo claramente o que deveria ter sido óbvio desde o início: só vou ser um cara realizado quando estiver finalmente realizando coisa alguma."

Paulo B.
Em: "A arte de realizar-me".
Link para o texto integral: http://www.forjauniversal.com/2013/a-arte-de-realizar-me/